Pateta Poeta

Não gosto muito de poesia
Sentimentos estúpidos, em ávida rebeldia
Invadem o papel – tamanha insensatez!
Pensa o poeta, talvez,
Tornar bela a melancolia
Quando não há beleza alguma na estupidez.

Não me fio nessa coisa de estrofe
Julgam seus artistas, boa estética?
Ou justificam pela tal métrica?
Pois não hesito: que arte pobre!

Não entendo muito de versos
Quando o pensamento desliza de bom grado
De repente,
é quebrado
E o palavrório segue disperso.

Não tenho paciência com rimas
Que falência, tentar fazê-las de obra-prima!
Não vejo, afinal, a utilidade que aí se aglutina
Oras… por que terminar igual as palavras acima?

Pois perdôo por cada patética aliteração
Peço apenas que parem com persistente repetição.

E, por favor, nada de inventismo
Odeio neologismos!

Será que a poesia tem consciência de si?
Com artimanhas várias, aonde deseja ir?

Quando fala de si mesmo, em campo vasto
O poeta emoldura-se em um retrato gasto
Posto que ao mesmo tempo que mostra, esconde
Perde-se em metáforas sujas, só ele sabe onde.

E se confere vida à patetice da metalingüagem
Desvelando, do coração poético, tal imagem
Talvez seja porque não exista nada mais metalingüístico e pateta
Do que o coração de um poeta!

 

O amigo Bruno Silva transformou isso aqui em Leitura Sonora. Confira!

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