Diálogos com Seu Moço XII

Seu Moço, não me traz a expectativa de mais um happy hour em outra sexta-feira. Isso mesmo: não me traz. Eu ando ficando velha demais pra toda essa besteira de planos tão rasos. Copo cheio de cerveja ainda é uma das minhas melhores companhias, é verdade. Mas a validade dos sonhos engolidos ao fim de cada noite tem me falado que preciso de algo mais forte. Uma ou duas doses de algo assim duro feito concreto, que alicerce a vida e me faça crer que, decerto, existe algo em construção nessa simplória sucessão de dias. Quem sabe isso me alivia o deserto que cresce aqui no peito a cada conclusão de ciclo vazia.

Talvez a gente faça pouco esforço pra tanta promessa. Talvez o tempo caminhe em seu tempo e a gente tenha pressa. Talvez a vida sempre foi isso mesmo e esqueceram de nos contar… deixaram a gente sonhar que tudo nos era possível. Agora, no horizonte, apenas o cansaço rotineiro é visível. Mas vamos deixar essa conversa pra depois, Seu Moço. Falei tanto que quase não te ouço anunciar que, de repente, chegou ao fim mais um expediente.

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