Diálogos com Seu Moço III

Palavras são asas da alma. E eu fui feita pra voar, seu moço. Concebida por vento disperso, cresci plantando verso. Colhi metáforas tortas, um tanto de crônica morta e um amor para o qual não há rima, tão único que é. Em parte morena, em parte azul turquesa, em parte realidade, em parte borboleta, em parte imaginação, em parte prumo, em parte sentimento que parte voando sem rumo. Hoje, sou refém dessa liberdade. Tira-me tudo, seu moço, mas, por favor, deixe que as palavras continuem me mostrando o seu céu. Queimando o meu peito, roçando-se entre meus dedos e desenhando o papel. Eu preciso das marcas que afincam na história e das letras que ficam na memória. Eu tenho fome de vento e sede verso.

Eu fui feita para voar, seu moço, então não me peça calma. Porque eu sei: palavras são asas da alma.

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