Diálogos com Seu Moço X

É que de tantas vindas e idas, meu porto anda exausto de amores breves. Meu peito agora dispensa âncoras leves. Se busca afeto apenas por algumas luas, nada pra outro lado – a maré é forte. Se quiser que eu seja para sempre tua, nada fará mais agrado – amar é ter sorte. Descansa teu leme em minha paz. Serei tua bússola e teu norte. Serei mais: teto quando desabar tempestade, chão quando faltar coragem. Sereia quando a saudade do mar te arrancar lágrimas de sal.

Seu Moço, não faz mal: sopra a minha promessa ao vento. Conta em sussurro às velas de algum marinheiro sem intento. Diz que pode vir com toda a embarcação, a poeira e o porão, na incerteza e na contramão. Mas diz que se for pra ancorar, será pra sempre. Faz tempo que as aventuras de alto mar não me deixam mais contente. Diz que aqui há espaço para todos os vícios, mas para nenhum vacilo seu. Temo que meu coração não sobreviva ao se afogar em mais uma despedida. Partida é a minha alma a cada adeus.

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