Diálogos com Seu Moço VI

Então me diz o que eu faço, se nessa história de laço, não somos nós quem damos os nós? É fita, é cetim, é abraço, é plano, é volta, é enlaço. São nós vivendo em entrelaço ou a sós? Há tempos que aqui nesse espaço tenho visto um tal embaraço embebido em traças e pó. É aqui no meio desse peito, onde habita um sujeito sujo e sem jeito, me arrancando pedaços sem dó. Se é amor, se é medo ou pecado, se é fio desatando do laço, se é fita fugindo do nó? Se é dor, se é segredo ou sagrado, se é dúvida andando no encalço, se é laço largado num brechó? Se é tanto erro em cansaço, se é tinta desbotando do abraço, se é a tonta tristeza do palhaço por trás de cortinas de ló? Ou simplesmente os pés bambearam o passo, as mãos perderam as pontas do laço e não conseguimos mais encontrar o porquê de nós…

Se o poço de certeza é movediço, se o cetim do laço está quebradiço, se refaço do início ou o fim já começo. Enfim, Seu Moço, é só isso que peço: uma resposta que fuja das rimas.

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